Quebre
a casca e embale-se nos
“Delírios a propósito de uma fantasia erótica”
Por que não apimentar o cotidiano com a imaginação?
Por que viver atado aos valores dos outros? O que eles representam e qual sua função?
Onde eu me encontro nisso? Melhor: o que a minha sexualidade tem a ver com
isso?
Os delírios têm começo e fim na fantasia. O mundo real
é o veículo. A vida, esta pode ser nosso palco, espetáculo e êxtase, ou, se
negada em seus valores primitivos, nossa monumental broxada: uma grande
castração operada pelo medo e pelo pudor.
Marco Antônio, em sua “Elegia”, convida ao
experimento, enquanto investiga com suavidade, durante o romance, os impulsos
que instigam a ousar, e as reações diante das pulsões que inquietam.
Benjamim, o protagonista, apresenta-se nu, em pura
forma. Amante apaixonado, guiado pelo desejo, Benjamim transborda hedonismo,
envolvendo-se em enlaces que começam como delírios, mas, uma vez estabelecidos,
transcendem a fantasia, revelando-se possíveis, naturais, ou mesmo coerentes.
Da espontânea busca pelo prazer amadurece um
encontro promissor, o qual floresce num sonho: o vínculo perfeito de uma tríade
plurissexual. Amizade e sexo estão conectados na procura, o que demonstra,
acima da paixão ou preferência, o permanente amor aos outros. O zelo, o
carinho, a preocupação, e a quase obsessão pelo amor a três, vão guiar o leitor
a uma jornada curiosa, por vezes dramática. E é justamente nesse amor ao ser
humano que perdemos a identidade sexual, quando assumimos a missão de fazer-nos
felizes.